terça-feira, 10 de março de 2015

Se me dissesse impossível



Se eu me dissesse impossível
ou me sonhasse impossível
durante a noite pintando montes e vales
no lado obscuro da lua
esperando o dia e as flores
que deixei crescer nos teus ombros e
descesse de novo à terra no rasto do cometa
saído da galáxia mais distante e mais improvável

Se eu me dissesse inventor
ou me sonhasse inventor
inventando a maquinaria celeste dos deuses
com asas e botões e rodas dentadas
cores que ninguém viu
odores maravilhosos que nunca ninguém sentiu
desenhando milagres com um simples gesto
na abóbada negra do tempo

Então calmamente sem pressa
despertaria o oásis no deserto da manhã
percorreria o teu corpo em silêncio
vigiando a miragem arquear do teu peito respirando


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