segunda-feira, 9 de março de 2015

Décimo quinto dia


Começo a semana ainda mergulhado nas águas límpidas e tranquilas para as quais 
me transportaste sem que percebesse. Ou fiz de conta que não percebi tentando 
ocultar a inevitabilidade.
Como foi que aconteceu, é coisa que poderás questionar, mas não duvidar. 
Não foi preciso muito nem nada de mágico. Apenas as tuas palavras e os teus olhos, 
principalmente os teus olhos. Curioso é que quer uma coisa quer outra não têm 
qualquer feitiço ou magia. Não necessitam. Seria redundante, perigoso e alucinante. 
As palavras porque são a mera representação em fonemas de uma vibração  que te 
compõe. Os olhos por terem sido porta de entrada dos meus em ti.
Mas dessa insuspeita tranquilidade nasce na profundidade das águas em que flutuo 
o  brilho da vívida e misteriosa turbulência do abismo do teu corpo que como alga, ancorada nas rochas mais deslumbrantes, se roça e enrosca em mim e me traz da superfície onde arde ainda a pira do abraço rápido, urgente, fugitivo.
Quinze dias é muito tempo ou pouco tempo, talvez tempo nenhum ou mais do que 
suficiente para num abrir e fechar de olhos continuares o vórtice líquido 
onde me mantenho.

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