domingo, 15 de dezembro de 2013

Mesmo que não existas

É para ti que escrevo.
Se ainda existires.
É a ti que amo.
Mesmo que já não existas.
Não me interessam outras
Interpretações com sentidos de plástico e "ses".

É a ti que reinvento e leio.
Em noites como esta
Ávido de te conhecer
Decorando os textos
Que na tua pele desenhas
Para mim.

É a ti que imagino sem cessar e ouço
Com uma surdez estranha
Para todas as outras
Ruidosas melodias
Que teimam em querer esconder o teu cantar.

Fazes parte de mim.
Deixa-me continuar a escrever em ti a minha história.
Deixa-me ler em ti o teu sentir.
Ouvir, até ao fim, o teu suspiro.


Olho e vejo o horizonte que quero desvendar.
Sem medo que o mundo acabe aí
Ou da existência de terríveis monstros marinhos
Que povoem as minhas mãos e me tolham o passo para as estrelas.

O teu corpo é vela enfunada pelos meus lábios,
As ondas que venço sem temor.
Oiço, serenamente, o teu canto.
E aporto, docemente, na tua praia
Aquela onde morreu a árvore que existiu um dia.


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