Conto pelos dedos os livros que li. A maior parte obrigado,
outros por obrigação e poucos por gosto.
Que querem, sou mesmo assim. É, sem dúvida, uma falha grave
na minha formação. Talvez liamba a mais a cercear-me os meandros mentais quando
era jovem.
Mas descobri uma coisa importante junto dos
leitores/intelectuais de serviço: geralmente quem muito lê pouco acerta.
Quem lê muito, ao contrário do que pode parecer, não se
torna melhor pessoa. Fecha-se num egoísmo estéril do seu deleite pessoal.
Não há nenhum devorador de livros que eu conheça que não
seja assim.
Confundem a ficção com a realidade. Tomam os livros pela
vida. Isolam-se dos sentidos.
A vida não são folhas escritas. Quanto muito páginas em
branco que vamos escrevendo.
Enquanto temos tinta.
Já a música é outra coisa.
Poderia viver sem livros mas sem música estaria meio-vivo.
Na verdade, se alguma coisa me salva da loucura é a música.
Parto do princípio, portanto, bastante duvidoso, que não sou doido.
E aproveito para ir cruzando águas tempestuosas.
Até reencontrar o meu porto-de-abrigo, a minha casa. Ou morrer tentando, naufragado.
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